Essa semana, o “Secretário de Estado dos Estados Unidos”, John Kerry, está terminando de montar a equipe que auxiliará as negociações entre Israel e Palestina[1]. Após sua sexta visita à região, Kerry anunciou na última sexta-feira que ambas as partes haviam concordado em restabelecer o diálogo, interrompido há quase três anos em função dos assentamentos israelenses na Cisjordânia e na “Jerusalém Oriental”[2].
No entanto, os palestinos insistem que as negociações não podem ocorrer sem que todas as partes concordem que as fronteiras anteriores a 1967 sejam sua base. Essa exigência foi transmitida por Mahmoud Abbas, presidente da “Autoridade Nacional Palestina”, a Kerry, juntamente ao pedido de esclarecimentos, por parte de Israel, sobre o processo de soltura de prisioneiros palestinos[3].
A esse respeito, matéria do “The Times of Israel” esclarece que “os prisioneiros devem ser liberados em quatro fases – uma fase a cada quatro meses – à medida que as negociações progredirem”[4]. Ainda assim, Qadura Fares, presidente do “Palestinian Prisoners Club”, afirma que Abbas almeja a liberação de 103 detentos, em contraposição à soltura prometida por Israel de 82 palestinos com mais de 20 anos cumpridos de pena[3].
Ao mesmo tempo, Israel também parece oferecer obstáculos às negociações buscadas por Kerry: o Primeiro Ministro israelense, Benjamin Netanyahu, planeja acelerar no Knesset (o parlamento israelense) uma nova lei que tornaria necessária a aprovação do povo de Israel, por meio de referendo, qualquer acordo de paz estabelecido com os palestinos. Essa lei expandiria outra, de 2010, segundo a qual a cessão de soberania de territórios anexados por Israel necessitaria de aprovação de referendo nacional[4].
A tentativa de Kerry de restabelecer o diálogo entre Israel e Palestina foi vista com certa descrença por analistas e pela comunidade internacional. O jornalista israelense Amnon Lord opinou que esse processo de paz visava, em realidade, a “fazer parecer que os Estados Unidos estão fazendo alguma coisa no Oriente Médio”[5].
Apesar do recente apoio da “Liga Árabe”[6], essa descrença parece se manter. O jornalista Karl Vick afirma que as dinâmicas que levaram ao estabelecimento de negociações tem menos a ver com a questão fundamental a ambos os lados – a reivindicação de um mesmo território –, destacando a preocupação do governo de Israel com o esforço da “União Europeia” de barrar a assistência financeira prestada a entidades israelenses que operam na Cisjordânia[7].
Ainda, diversos líderes palestinos declaram que a proposta de Kerry era insuficiente, por não exigir um congelamento nos assentamentos israelenses, ou que as negociações se dessem com base nas fronteiras anteriores a 1967[8].
Entretanto, como observa o analista Hussein Ibish, apesar do pouco otimismo sobre os resultados de tais negociações, o que caracteriza as posturas israelense e palestina é não serem vistos como “aqueles dizendo não”, postura que caracterizou, segundo o especialista, ambas as partes, quando da última tentativa do governo Obama de restabelecer o diálogo[9].
Ibish aponta ainda a declaração da “Liga Árabe” de que a proposta de Kerry apresenta boas bases para as negociações, especialmente em relação a “novos e importantes elementos políticos, econômicos e de segurança”[10], fazendo referência, em parte, ao investimento de 4 bilhões de dólares na economia palestina, que Kerry vem discutindo desde março, bem como a supostos outros elementos da proposta, cujos detalhes são mantidos a sete chaves e ainda não foram revelados ao público[9]. É nessas especificidades da proposta, ainda secretas à mídia, que pode residir a maior chance de sucesso da iniciativa.
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Imagem (Fonte):
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Fontes consultadas:
[1] Ver:
[2] Ver:
http://www.bbc.co.uk/news/
[3] Ver:
http://www.reuters.com/
[4] Ver:
http://www.timesofisrael.com/
[5] Ver:
http://www.foreignpolicy.com/
[6] Ver:
http://www.bbc.co.uk/news/
[7] Ver:
http://world.time.com/2013/07/
Ver também:
http://www.reuters.com/
[8] Ver:
[9] Ver:
[10] Ver:
http://www.statesman.com/ap/