Os laços históricos que ora unem, ora separam Estados Unidos e países do Médio Oriente terão em Camp David mais uma oportunidade de promoverem para as Relações Internacionais um novo capítulo de tentativa de cooperação e coexistência pacífica.
A convite do presidente Barack Obama, o Conselho de Cooperação do Golfo, composto para esse encontro por Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Omã e Bahrein se reunirá primeiramente no dia 13 na Casa Branca para depois seguirem, no dia 14 para Camp David, residência de campo do Presidente Norte–Americano, para uma cúpula que terá no topo da agenda discussões acerca da capacidade nuclear iraniana e a turbulência na Península Arábica com a crise interna iemenita.
Para Washington, a missão é uma oportunidade de tentar tranquilizar os aliados preocupados com a agenda de política externa de Obama para região, bem como sua determinação em evitar o desenvolvimento de uma matriz nuclear em Teerã, ofensiva para garantir o equilíbrio de poder e o status quo regional. Nas palavras do Presidente, é uma “discussão de como podemos fortalecer ainda mais a nossa cooperação em segurança ao resolver os múltiplos conflitos que causaram tanto sofrimento e instabilidade em todo o Oriente Médio”[1].
Por outro lado, existe o receio das incongruências nos objetivos que cercam Estados Unidos e os regimes do Golfo, que atualmente estão mais evidentes e eventualmente podem prejudicar as conversações da próxima semana.
A visão e desejo dos árabes é ver os norte-americanos desarmar assertivamente o Irã, reverter o equilíbrio de forças na Guerra Civil da Síria, indo contra Bashar Al-Assad, e restabelecer as conversações entre israelenses e palestinos. Na outra ponta do espectro diplomático, a Casa Branca anseia voltar-se para a Ásia (programa de política externo conhecido como “Pivot para Ásia”), considerada por analistas internacionais, pelo próprio Presidente e pelo Departamento de Estado como centro das grandes oportunidades econômicas desse século, preterindo, portanto, o Oriente Médio e seu complexo modelo estrutural de política, economia e principalmente social e cultural.
A dicotômica interpretação geopolítica que permeará no encontro mostra-se o grande desafio nas relações multilaterais entre Estados Unidos e parceiros árabes sunitas. Porém, no circuito de manutenção da ordem, o compromisso é pela continuidade da Guerra contra o terrorismo, através de uma abordagem menos física e mais tecnológica, com uso de Drones e de contra-inteligência, como ferramentas para auxiliar na frente de batalha a favor da degradação do autoproclamado Estado Islâmico, por exemplo.
De modo pragmático, com viés histórico, a fratura regional impulsionada por lutas sectárias coloca Estados sunitas no centro das disputas com iranianos e aliados, predominantemente xiitas, disputa que já respinga no Líbano, Iêmen, Iraque, Bahrein e mais dramaticamente na Síria. A justificativa é pautada no receio do estreitamente das relações entre Washington e Teerã, que, na ótica sunita, é um meio possível de pavimentação do caminho para a bomba iraniana, colocando a região numa corrida armamentista sem precedentes.
Para o encontro em Camp David, Estados Unidos e o Conselho de Cooperação do Golfo tem uma oportunidade de iniciar trabalhos de reestruturação e cooperação do Oriente Médio, o primeiro passo, dado junto com a República Islâmica, mostrou-se positivo nesse momento inicial. O próximo é convencer seus inimigos a buscar a coexistência pacífica e próspera para os povos da região e o papel norte-americano será de fundamental importância para corrigir os erros cometidos em administrações anteriores que transformaram o subcontinente no mais instável do atual sistema internacional.
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Imagem (Fonte):
http://www.cfr.org/middle-east-and-north-africa/clouds-over-camp-david-summit/p36517
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Fontes Consultadas:
[1] Ver:
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Ver Também:
http://www.cfr.org/middle-east-and-north-africa/clouds-over-camp-david-summit/p36517
Ver Também:
http://www.brookings.edu/blogs/markaz/posts/2015/05/06-wittes-us-policy-iraq-syria
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http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2015/05/saudi-salman-succession-saud-abdullah.html#
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