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Na última sexta-feira (15 de julho), durante a tentativa de Golpe Militar na Turquia, usuários e sites relataram a interrupção dos serviços e redes sociais no país, ocasionando uma queda de cerca de 50% de todo o tráfego de Internet. No entanto, algumas horas depois do início do acontecimento, a população conseguiu, através do uso de VPNs (redes privadas que atuam como um túnel, encaminhando o tráfego de Internet através de servidores de outros países) acessar os conteúdos de transmissão ao vivo pelo Twitter e Facebook, disponibilizando live-streams de diferentes pontos da cidade.
A Turquia tem um histórico complicado com a Internet, já tendo bloqueado redes sociais, conteúdo político e até mesmo prendido blogueiros e usuários de TI. Oficialmente, o Governo proíbe a disseminação de imagens e notícias após uma tragédia nacional, como aconteceu depois do atentado terrorista no Aeroporto Ataturk, em Istambul, no dia 28 de junho, ocasionando um blecaute na Internet do país. Segundo o Supremo Conselho de Rádio e TV, órgão responsável pelas telecomunicações, a proibição ocorre para que a segurança nacional não seja comprometida. No entanto, essa medida também impede que a população se comunique e tenha acesso à informações a respeito da tragédia, ou comuniquem os seus familiares e amigos de que estão seguros.
Decorrente de outro blecaute nos serviços de comunicação online da Turquia, ocorrido após o pior atentado da história do país, quando mais de 90 pessoas morreram e 250 foram feridas devido a explosões de homens-bomba na capital Ankara, em outubro de 2015, a comunidade internacional e a Human Rights Watch publicaram uma Carta Aberta para o Governo turco, pedindo o fim da censura à Internet.
Ironicamente, a Internet foi uma das principais ferramentas utilizadas pelo presidente turco Recep Tayyip Erdoğan, para retomar o controle do país. Depois de conceder uma entrevista ao vivo, via FaceTime à rede CNN, pedindo que a população fosse às ruas, os usuários usaram das mesmas ferramentas que em outras ocasiões haviam sido bloqueadas, ou censuradas pelo Governo, para se organizar e protestar contra a tentativa de Golpe, apoiando o Mandatário.
Dado o crescente fortalecimento das redes sociais e da Internet em diferentes protestos no cenário mundial, como, por exemplo, o movimento occupy, ou os protestos de Junho de 2013, no Brasil, além da crescente pressão de órgãos internacionais e o reconhecimento da ONU que bloquear a Internet é uma violação dos direitos humanos, esta se tornou uma das principais ferramentas de organização e protesto no mundo. Como ficou evidente pela Primavera Árabe e agora na vitória contra o Golpe na Turquia, certamente, sem as redes sociais, os resultados desses acontecimentos teriam sido completamente diferentes.
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Imagem (Fonte):
https://twitter.com/TurkeyBlocks/status/754043966547431424
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