Diante da grave crise política pela qual passa seu governo, o presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou no domingo, dia 3 de junho, que pretende nacionalizar todas as indústrias do país que atuem sobre os recursos naturais.
Como já vem sendo explicado há certo tempo em artigos postados no CEIRI NEWSPAPER e por analistas em meios de comunicação, o termo nacionalizar é adotado pelos governos de esquerda latinoamericanos para a estatização de empresas privadas, apesar de ter como ponto de alavancagem argumentativa o fato de estas corporações terem capital sob posse de estrangeiros, servindo este fato como forma de unir segmentos populares contra uma espécie de inimigo comum: o “estrangeiro imperialista”.
A ameaça vem em seguida a “nacionalização” da empresa espanhola “Red Eletrica” em maio recente. Apesar de manter o termo “nacionalizar”, o significado de ser uma ação contrário a iniciativa privada ficou clara na declaração do mandatário de que os recursos naturais (mas não apenas eles, também todos os setores considerados estratégicos) devem ficar nas mão dos povo, “através da administração do Estado”*. Neste sentido, todos setores da economia tenderão a ficar sob controle estatal, pois estará a cargo do Governo determinar aquilo que se considera estratégico, além daqueles campos que normalmente são considerados como tais pelos analistas e especialistas.
O Presidente e seu governo já nacionalizaram o setor de telecomunicações, os hidrocarbonetos, estão incidindo sobre o de energia e agora apontam que vão encerrar o processo atuando sobre todas as áreas de recursos naturais, lembrando que as reservas de Lítio (usado na fabricação de baterias celulares, computadores, carros etc.) existentes no país já estão sob foco de possíveis investimentos internacionais, tanto que houve reuniões entre representantes dos Governo boliviano e representantes dos governos chinês, japonês, sul-coreano, iraniano (buscou as reservas de urânio) e russo, ao longo do ano passado (2011), com a presença de empresários desses países.
A política adotada por Morales está em harmonia com a imposta por Hugo Chávez, da Venezuela, de “implantação acelerada do socialismo” e vem recebendo o apoio de Rafael Correa, do Equador, embora se saiba que neste último caso o processo não tem condições de ser implantado da forma como vem sendo na Venezuela e na Bolívia, já que nestes dois Estados o partido do Governo tem o controle do Executivo, do Legislativo, do Judiciário e das “Forças Armadas”, mesmo com a oposição crescendo internamente e com as crises políticas e econômicas pelas quais os dois países vêm passando.
Analistas apontam que as medidas visam aumentar o controle sobre todos os setores sociais já que está cada vez mais próximo e presente no horizonte dessas lideranças a possibilidade concreta de perda do poder.
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Fontes:
* Ver:
http://www.dgabc.com.br/News/5961343/bolivia-quer-nacionalizar-setor-de-recursos-naturais.aspx
Ver também:
http://exame.abril.com.br/agencias/noticias/bolivia-quer-nacionalizar-setor-de-recursos-naturais